Fevereiro
Cremos que existem na vida de todos e, obviamente, na de cada um de nós, momentos em que nos questionamos acerca não só da vida profissional como da vida em geral, tendo como base de partida o passado, a atualidade e, tendo em atenção esse conhecimento, o denominado saber da experiência feito, que tipo de futuro nos poderá estar reservado.
Ora estes recentes últimos (perdoe-se-nos o pleonasmo) anos têm sido pródigos em acontecimentos que têm ultrapassado, em termos absolutamente inimagináveis, tudo quanto o bom senso levava a crer o que seria o nosso mundo no momento atual e, logicamente, que a sua evolução seria, de igual modo, serena, tranquila e mais harmoniosa.
Deparamo-nos, porém, com uma situação potencialmente explosiva, em que, por exemplo, para além do “brexit”, aliados de longos anos se posicionam como se fossem inimigos figadais, em que milhões de pessoas, entre as quais se salienta a existência maioritária de crianças e de idosos, ao fugirem de campos de guerra, correm o risco de sucumbir, vítimas de fome, doenças e ferimentos derivados desses conflitos, em que cada vez mais países encerram as suas fronteiras, temerosos de que o seu bem estar seja posto em causa, tudo isto corolário de um retrocesso civilizacional de que nenhum de nós tem qualquer memória.
E a cereja em cima do bolo, como soe dizer-se, foi a recente tomada de posse de Trump como presidente dos Estados Unidos. Repare-se como as suas primeiras decisões fizeram disparar os índices bolsistas, com Wall Street, onde se encontra localizada a bolsa de valores de Nova Iorque, em autêntica euforia!
Cremos poder afirmar que, com a eleição de Trump, os “mercados” fizeram soar as trombetas para aclamar a desregulamentação que se avizinha, a qual não deixará de ter como resultado uma convulsão económica e financeira que certamente irá afetar o mundo tal como o conhecemos.
Espanta-nos, pois, a irrazoabilidade que tem vindo a ser demonstrada por tantos políticos, sem o mínimo de humanidade, cuja atuação, respaldada nos ditames dos sacrossantos mercados, irá acabar por redundar no facto de a vida humana valer menos do que qualquer tipo de mercadoria ou serviço.
Prezados Colegas e Amigos, desejamos profundamente que estas nossas palavras não tenham a mínima razão de ser e que o bom senso e a clarividência venham a prevalecer para que um futuro mais risonho seja ainda possível.
João Colaço