2017

Agosto/Setembro


Este editorial de Agosto/Setembro não pode deixar de se referir ao atual período estival, período este em que, normalmente, procuramos gozar, e muitos de nós somente de uma forma interpolada, umas férias que permitam recuperarmos alguma da energia e capacidade que, entretanto, se nos esvaíram e nos deixaram prostrados.

A agravar esta prostração temos convivido com a situação calamitosa de constantes fogos, derivada da profunda seca a que o País tem estado sujeito, fogos estes que têm devastado dezenas de milhar de hectares da floresta e causado largas dezenas de vítimas mortais (só no incêndio de Pedrógão Grande, foi de 64 o número de vítimas), o que ainda aumenta mais o desespero dos nossos concidadãos.

Embora todos estejamos conscientes de que um dos principais ensinamentos, que aprendemos na “Universidade da Vida”, é que o “material tem sempre razão”, não conseguimos, até hoje, impedir ou minimizar os incêndios florestais, o que poderia ser levado a efeito através de campanhas de esclarecimento, principalmente através da televisão, em que fossem exemplificados os cuidados preventivos a serem postos em prática, de um modo sistemático, principalmente no que respeita à limpeza do mato, “material” este que tem sido uma das maiores causas da rapidez com que os fogos alastram.

É certo que a esmagadora maioria dos habitantes das aldeias e vilas do nosso país é bastante idosa, o que deveria ser tido em atenção pelas autoridades, nomeadamente pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, ao qual está atribuída a missão de zelar pelo cumprimento de todas as funções para a conservação da natureza e biodiversidade e de autoridade florestal nacional.

Para além do que atrás deixamos descrito, não podemos deixar de lamentar as reações de alguns agentes políticos a quem, pelo menos aparentemente, estas infaustas notícias enchem o peito e se apressam a, sempre que possível, vir para os órgãos de comunicação social, clamando que as entidades oficiais não demonstram qualquer interesse em minimizar as consequências derivadas destas tragédias, e a exigir demissões, sem que apresentem qualquer proposta para que se envidem os esforços de todas as forças políticas e sociais para que o futuro seja um pouco menos incerto.

Cremos que, para mal dos nossos pecados, como soe dizer-se, o atual clima, meteorológico e político, não vai sofrer qualquer inflexão até ao final do mês de Setembro. Resta-nos desejar aos Prezados Colegas e Amigos o descanso e o lazer possíveis…

João Colaço