2017

Junho


Pensamos que há já muitos anos que em Portugal não se sentia este frémito de esperança, e pleno de confiança, que perpassa não só entre os agentes económicos como na população em geral, salientando-se ainda que a expetativa quanto ao futuro é deveras animadora.

Estamos crentes que tal é devido aos dados vindos a público acerca da evolução da nossa economia, os quais têm tido eco nas instâncias internacionais e alvo de elogiosas referências nos maiores órgãos de comunicação social, que se publicam um pouco por todo o mundo, com especial ênfase nos que se dedicam em especial a estas matérias.

Para tal concorre, também, a previsível saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o que poderá ocorrer no presente mês de Junho, por recomendação da Comissão Europeia, algo com que todos nos devemos congratular, principalmente pelas perspetivas de uma melhoria dos encargos financeiros decorrentes da dívida que pesa sobre todos nós.

Note-se que até as próprias instâncias europeias, que sistematicamente punham em causa as projeções do nosso ministro das finanças, acusando-as de irrealistas, estão agora a rever em alta as suas estimativas acabando assim por avalizar as medidas que anteriormente diabolizavam.

Porém, ainda que tenhamos em consideração a melhoria, muito acima do que seria de esperar, da situação económica do país, não podemos deixar de concordar com os alertas de alguns especialistas, a que até o próprio Presidente da República tem dado voz, de que não deveremos embandeirar em arco e acreditar que a situação está totalmente controlada, pois hoje em dia são cada vez mais as causas exógenas que interferem na nossa economia do que as causas endógenas.

Assim, e embora sejam compreensíveis as reivindicações do Bloco de Esquerda, do Partido Ecologista “Os Verdes” e do Partido Comunista Português, que suportam a atual maioria parlamentar, relativamente à reposição dos rendimentos, das relações laborais e da situação dos precários, o Governo não pode deixar de conjugar a aceitação do cumprimento dessas reivindicações com o cumprimento das disposições acordadas com as instituições europeias, pois só deste modo será possível recuperarmos a nossa total independência face às referidas instituições europeias.

É, pois, necessário que se mantenha a confiança em que o nosso País está envolvido e que, paulatinamente, vão sendo cumpridos os acordos estabelecidos com os parceiros parlamentares, e, simultaneamente, com as nossas obrigações para com as instituições europeias, o que evitará que insidiosamente surja alguma desconfiança quanto ao futuro desta Nação que orgulhosamente continua a ser um farol no que se refere à paz e à liberdade.

João Colaço