Novembro
Como é do conhecimento dos Prezados Colegas e Amigos, o Governo entregou, no passado dia 14 de Outubro, na Assembleia da República, a Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2017.
Como também é do conhecimento geral, pois tem sido profusamente noticiado, na referida proposta é apresentada uma meta extremamente ambiciosa para o défice orçamental previsto, situando-o num valor nunca antes alcançado de 1,6%, quando a revisão estimada para o crescimento da economia é de 1,5% e da despesa na ordem dos 0,2%.
Embora estes valores sejam questionados pelas instâncias internacionais, que têm solicitado ao Governo explicitações tendentes a clarificar como será possível alcançar tal desiderato, os mesmos não são, mesmo assim, alvo de qualquer chacota, ao invés do que se passa a nível interno, com os partidos que constituíram o anterior Governo a desdenhar tais previsões, afirmando mesmo que são irresponsáveis.
Mas o que é ainda mais surpreendente é que qualquer um desses partidos tem vindo a clamar, não só que algumas das medidas que entraram em vigor em 2016, tendentes a recuperar rendimentos e a diminuir ainda que timidamente a carga fiscal sobre os cidadãos, como outras medidas que entrarão em vigor caso a proposta de Orçamento do Estado para 2017 seja aprovada, não são tão benignas como as que seriam, por eles, postas em prática.
Este constante afrontamento e diabolização das ideias e objetivos de quem não provém da área política de quem as defende, enfraquece o País pelo que ficamos mais vulneráveis perante os sacrossantos “mercados”.
Assim, bem pode clamar o Presidente da República que é imprescindível a obtenção de um consenso alargado, dos partidos e movimentos políticos, para que seja possível levar-se a efeito uma mudança estrutural da economia que nos permita vencer o desafio do desenvolvimento.
Mas, Prezados Colegas e Amigos, para que tal fosse possível, seria necessário que todos nós puséssemos em prática o que afirmamos em epígrafe, ou seja, “façam o que dizemos, não façam o que fazemos”.
João Colaço