2004

Abril


A PÁSCOA E O NOSSO TRABALHO
Embora não possamos afirmar ser este o mês de...


Embora não possamos afirmar ser este o mês de maior volume de trabalho (pois hoje em dia, quer o queiramos ou não, todos os meses são de intenso labor e com responsabilidades fiscais sempre mais exigentes) ele é, reconhecidamente, um dos mais trabalhosos.

Para além deste facto, que todos nós sentimos, é também o mês em que se celebra a Páscoa, festa profundamente religiosa que mesmo os não crentes celebram dadas as profundas tradições enraizadas na cultura do nosso Povo pelo que, tal como na época natalícia, se procura reunir a família e comungar, todos nós, do espírito fraternal que é apanágio das famílias portuguesas.

São alguns dias em que somos compelidos, não a “esquecer” o trabalho mas sim a pô-lo de lado, por vezes com grandes dificuldades, pois o cumprimento das obrigações não se compadece com os nossos desejos mais profundos.

E é esta constante dependência do cumprimento atempado das obrigações declarativas e não só, decorrentes da assunção da nossa responsabilidade contabilística e fiscal, que assumimos, em nome dos nossos clientes, para com a Administração Fiscal, que não tem sido devidamente valorizada por todas as entidades envolvidas, inclusive por nós próprios.

Não conhecemos nenhuma outra profissão que obrigue a um tão constante esforço, o qual acaba por esgotar todas as nossas energias e a deixar-nos, no final de cada mês, completamente esvaídos. Mas, no início do mês seguinte, lá recomeçamos a nossa luta, exigindo aos nossos clientes (quando não lhes imploramos) que nos seja transmitida toda a informação, devidamente suportada pela correspondente documentação, procurando confirmar, através das conciliações dos extractos das contas correntes, principalmente com os extractos bancários, se se verifica a falta de documentos. Isto é, a profissão de Técnico Oficial de Contas, para além do trabalho de análise da legalidade da documentação, do seu tratamento contabilístico e fiscal, da elaboração da contabilidade, da conciliação das contas correntes, principalmente das de disponibilidades e de terceiros, envolve, também, pasmem os leitores, o trabalho de detective na pesquisa de pistas que nos indiciem se existe, ou não, falta de documentação, pois não nos podemos alhear do facto de podermos vir a ser acusados, urbi et orbi, por falta de profissionalismo e de desrespeito pela responsabilidade que assumimos.

Prezados leitores, apesar deste quadro, que pode, a alguns, parecer bastante negro, da nossa profissão, estamos confiantes que todos nós, ao procurarmos fazer mais e melhor, contribuímos para que ele não seja tão negro. Para tal podem contar com o nosso apoio em tudo quanto possamos ser-lhes úteis. Terminamos manifestando a esperança que nós, Profissionais, sejamos tidos na devida consideração e desejando-vos uma feliz Páscoa na companhia de quem vos for mais querido. 

João Colaço