Junho
A DIGNIDADE A QUE TEMOS DIREITO
Estamos crentes que quem tem o hábito de ler alguns destes nossos editoriais...
Estamos crentes que quem tem o hábito de ler alguns destes nossos editoriais (pensamos que devemos reconhecer que existe aqui um pouco de prosápia, da nossa parte, ao pretendermos crer que alguém perde algum tempo com essa leitura) já se apercebeu que os editoriais são introduzidos nesta página, que é de todos nós, logo no início de cada mês. Assim, ao escrevermos o editorial relativo ao mês de Junho, estamos ainda imersos nos trabalhos com que o mês de Maio nos premeia, mas já estamos a planificar os trabalhos a serem desenvolvidos nos meses seguintes.
Queremos, com esta introdução, explicitar que pelo facto de o editorial se referir ao mês de Junho não significa que nele só sejam abordadas questões que digam respeito exclusivamente a este mês, embora, obviamente, o nosso pensamento seja sempre influenciado pelas questões que em cada período são mais prementes. Estes nossos escritos têm, pois, a motivação de descrevermos as preocupações, os anseios e as dúvidas reinantes, não só no nosso espírito, como no dos Colegas que connosco trocam, frequentemente, impressões sobre as tristezas e alegrias (que também as há) que o exercício das nossas funções sempre acarretam.
Se é certo que, se por um lado, parece ser mais fácil escrever para quem, por partilhar a mesma profissão, compreende não só o que escrevemos como o que deixamos subentendido nas entrelinhas, por outro lado é bastante mais complexo pois existe o perigo de as nossas palavras poderem concorrer para aumentar o desencanto dos Colegas, ao cotejarem o nível de responsabilidades que nos está atribuído e o modo, no mínimo, deselegante, como a nossa profissão é vista e entendida por algumas das entidades destinatárias dos documentos e declarações por nós produzidas, como é o caso, nomeadamente, de alguns clientes e alguns serviços da administração pública.
Se é certo que, se por um lado, parece ser mais fácil escrever para quem, por partilhar a mesma profissão, compreende não só o que escrevemos como o que deixamos subentendido nas entrelinhas, por outro lado é bastante mais complexo pois existe o perigo de as nossas palavras poderem concorrer para aumentar o desencanto dos Colegas, ao cotejarem o nível de responsabilidades que nos está atribuído e o modo, no mínimo, deselegante, como a nossa profissão é vista e entendida por algumas das entidades destinatárias dos documentos e declarações por nós produzidas, como é o caso, nomeadamente, de alguns clientes e alguns serviços da administração pública.
Mas, devemos reconhecê-lo, este acto de passar para o papel o que nos vai na alma e no coração procura traduzir também, e atrevemo-nos a pensar que de algum modo o conseguimos, o que vai na alma e no coração dos Colegas, é um acto não só libertador da pressão que nos asfixia como também uma homenagem a todos os Profissionais que cumprem briosamente com todas as suas tarefas e responsabilidades, com total sacrifício não só pessoal como dos entes que lhes são caros.
Apesar de corrermos o risco de nos acusarem de estarmos a ser juízes em causa própria, não devemos calar o sentimento de frustração que nos invade quando sentimos que o nosso trabalho não é devidamente valorado e que, de uma vez por todas, devia ser reconhecida à nossa profissão, não só no papel, dado que já existe o Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro, mas principalmente na prática, o estatuto de enorme dignidade, e profissionalismo ímpar, que ela merece por direito próprio devido ao elevado grau de desempenho que a nossa classe tem, desde sempre, mantido.
É com esta expectativa que todos nós continuamos a trabalhar, dando, a cada dia que passa, o melhor de nós próprios e sempre de cabeça erguida. A falta de reconhecimento, por terceiros, deste nosso esforço, não nos deve derrubar nem esmorecer desde que estejamos conscientes da extrema importância que a profissão tem para o nosso País.
João Colaço