Junho
A VÃ ILUSÃO DA VIDA
E eis que vimos chegado o mês de Junho, após se ter esfumado, num ápice, o mês de Maio.
Mal nos apercebemos...
Mal nos apercebemos, no meio da azáfama em que sempre nos encontramos mergulhados, de como os dias voavam e que, depois de termos cumprido as obrigações legais correspondentes a esse período, já novas tarefas exigem a nossa atenção e empenho, e não são tão poucas como à primeira vista podem parecer, basta ver o calendário fiscal correspondente a este mês de Junho.
Malfadada profissão a nossa que mais não nos dá se não uma vã ilusão da vida! Pode parecer excessivo, este desabafo, mas se os Prezados Leitores dedicarem uns breves minutos a reflectir sobre os meandros da profissão, decerto verificarão que ao nos encontrarmos, por completo, assoberbados com os problemas das empresas a que prestamos os nossos serviços (quantas vezes não sentimos, nós próprios, com mais intensidade, os percalços dos empresários do que eles mesmos), resta-nos pouco tempo disponível para dedicarmos ao que deveria ser o essencial, ou seja, a família, os amigos, o lazer, o estudo e, ao menos, um pouco de descanso.
Porém, e infelizmente, o nosso calvário tem vindo a agravar-se, ano após ano, mercê de legislação que vai bolsando em catadupa, em função das necessidades de cada momento, acabando mesmo por contrariar o espírito com que a Reforma Fiscal, dos anos oitenta, foi idealizada.
Pensamos, talvez erradamente, que algumas das alterações introduzidas nos Códigos Fiscais, pelo Orçamento do Estado para 2005, irão ser revistas, ainda no decorrer deste ano, o que não deixará de ser mais uma situação “stressante”, pois irá obrigar-nos a rever todo o trabalho efectuado desde o início do ano, a alterar, possivelmente, os programas informáticos, a estudar e interiorizar novas regras e conceitos, a tentar explicar o inexplicável aos empresários que, a cada dia que passa, se sentem mais confusos e a duvidar da nossa sanidade mental.
Por tudo isto, Prezados Leitores, entre o momento em que acordamos, e aquele em que, prostrados de cansaço, adormecemos, o que podemos nós responder, aos entes queridos, que nos perguntam como decorreu o nosso dia, se não dizer que mal nos apercebemos da vã ilusão da vida!
João Colaço