2005

Outubro


TEMPOS CONTURBADOS
É com uma sensação de incomodidade que observamos o que se passa...


É com uma sensação de incomodidade que observamos o que se passa ao nosso redor e que nos leva, por vezes, a duvidar da nossa própria sanidade mental.

É certo que atravessamos um período de campanha eleitoral que decorre, na nossa perspectiva, de um modo soez, com insultos e com acusações a esmo, que se são gratuitas deveriam ser graves para quem as profere e se têm algum fundamento de verdade, não são, apesar disso, apresentadas as respectivas provas, o que acaba por ser grave para a comunidade em geral.

Mas, para além da campanha eleitoral, outras situações agravam este “clima” de tempo conturbado. Pensamos que nem nos tempos mais “escaldantes”, que se seguiram ao 25 de Abril, se verificou o que consideramos como tentativa de anarquia, com constantes ameaças de manifestações e de greves por parte de elementos do “poder judicial”, do “poder policial”, do “poder militar”, do “poder do funcionalismo público” e actuações menos felizes de elementos do “poder político”.

Embora sabendo quão verdadeiro é o ditado “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”, não podemos deixar de lamentar as atitudes e afirmações (quando não são verdadeiros impropérios) de tanta e tanta gente que, pela posição que ocupa na sociedade, deveria ser mais comedida, sensata e educada.

Repare-se que, se existe um sector de actividade, ou, melhor dizendo, se existe uma classe profissional com “milhentas” razões para protestar e para que a razão lhe fosse reconhecida para fazer greve, é a nossa. De todas as profissões que conheço é a que é olhada, ainda, com desconfiança pelos principais utilizadores dos seus serviços, ou seja, o Estado e os empresários.

Porém, aqueles que desenvolvem uma profissão como a nossa, e que consideramos de alto risco, não usufruem das benesses de que os poderes atrás referidos beneficiam, sendo raros os casos que conhecemos de Técnicos Oficiais de Contas que após se reformarem, geralmente, por terem ultrapassado os 65 anos, deixa de trabalhar, pelo que continuam, briosa e esforçadamente, a dar o melhor de si próprios à profissão que, para eles, é tão madrasta.
Mas, repare-se, apesar do que acabamos de dizer, ou talvez mesmo devido à situação que atravessamos e que apelidamos de tempos conturbados, sentimos que são estas vicissitudes que dão novas forças aos Técnicos Oficiais de Contas para enfrentarem o dia a dia e vencerem a turbulência que nos ameaça a todos.

João Colaço