Julho e Agosto
Como sabemos, a expressão em epígrafe retrata o período do verão em que, normalmente nesta época estival, os jornais fervilham de notícias, passando a considerar como relevantes matérias que não seriam notícias de primeira página, acabando por demonstrar como se mantém viva e atual a afirmação, velha como o mundo, “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”, nomeadamente através da atuação de alguns quadros políticos, que no dia a dia acabam por contradizer, na prática, o que apregoam.
Note-se que estes procedimentos não são exclusivos de nenhum partido político em especial, embora o caso que ultimamente tem dado mais que falar seja o de um vereador de Lisboa eleito pelo Bloco de Esquerda. Veja-se, aliás, que o partido maioritário que “governava” o País há meia dúzia de anos, que incentivava os jovens a emigrar, o que ocasionaria, como ocasionou, o decréscimo da natalidade, vem hoje propor a atribuição de subsídios e apoios a mulheres grávidas, embora sem quantificar qual o custo dos mesmos que seria suportado pelo Estado, para aumentar a natalidade…
Sobressaem, ainda, as reivindicações dos funcionários públicos com realce para os profissionais dos setores da educação, da justiça e da saúde, que são os que maiores implicações têm com a vida das pessoas, na tentativa de criar um clima de instabilidade de modo a permitir obter ganhos nas respetivas carreiras profissionais, sem que exista o mínimo decoro e reconhecimento de que é o povo em geral que irá suportar tais possíveis ganhos.
Não pondo em causa a justeza de tais revindicações permitimo-nos, porém, questionar se os mentores de tais protestos terão em atenção que os seus representados beneficiam de algo, que a esmagadora maioria das pessoas que terão de suportar os encargos que a satisfação das reivindicações acarreta, não possui, que é a “garantia” de trabalho.
Na realidade, existe um enorme fosso entre os funcionários púbicos e o os restantes trabalhadores, com estes últimos a recearem que a todo o momento as empresas onde laboram fechem as portas e se vejam, assim, condenados a percorrer a via sacra do desemprego, com as inevitáveis consequências a nível pessoal e familiar…
Muito mais haveria a dizer sobre o momentoso período que atravessamos, mas abstemo-nos de tal para evitar que a presente seally season nos mergulhe ainda mais na mágoa de vermos que o nosso Povo continua de costas voltadas para o que realmente interessa, que é sermos um País fraterno e solidário entre todas gerações com especial ênfase para as gerações vindouras.
João Colaço