Novembro
Os meses de Outubro e Novembro têm sido férteis em manifestações e greves que têm tido, no nosso modesto entender, a intenção, em primeiro lugar, de pressionar o Governo a introduzir, na proposta de lei do Orçamento do Estado para 2019, as reivindicações de medidas há muito almejadas por muitos e variados sectores, e, em segundo lugar, a tentar que os partidos políticos introduzam na referida proposta as alterações que revindicam, dada a posição assumida pelo Governo de que não há margem orçamental para dar satisfação a essas mesmas reivindicações.
Se, relativamente aos movimentos sindicais, são compreensíveis muitas das exigências expressas, já no que se refere às afirmações públicas de muitos líderes políticos, que por vezes ultrapassam o que pensamos ser o bom senso, nos deixam confusos, e a pensar que somente procuram mera publicidade para fazer crer que seriam melhores governantes se tivessem sido eles os eleitos.
Sendo certo que é compreensível que os partidos, denominados como pertencentes à ala direita do espetro político, aplaudam e fomentem todas esta greves e manifestações, procurado assim minar o apoio popular de que o Governo se arroga, já poderá parecer mais estranho que também os partidos que têm suportado a atual maioria governamental cavalguem esta onda de reclamações e exigências.
Estamos crentes de que tal se deve à proximidade dos futuros atos eleitorais a ocorrer em 2019, para o Parlamento Europeu já em Maio, e para a Assembleia da República, em Setembro, pelo que há desde já que evidenciar a independência dos mesmos face ao partido que tem sido a trave mestra da denominada “geringonça”, e que cada um deles, de acordo com os respetivos princípios ideológicos, é mais acérrimo na defesa das classes mais desfavorecidas da sociedade portuguesa.
Não deixa, porém, de ser frustrante, que prestes a chegar ao final da presente legislatura, quando deveria existir uma maior coesão e entendimento entre estes partidos, preparando o terreno para que na próxima fosse atingido o corolário de inexistirem défices orçamentais e a paulatina redução da dívida pública, sejamos já surpreendidos com posições de antagonismo e de evidentes confrontos de opções relativamente a estas matérias.
Finalizamos referindo que para o comum dos cidadãos não é fácil aceitar a espiral de reivindicações que alguns sindicatos do setor público tem vindo a apresentar (reivindicações estas que, há que reconhecer, são já antigas e não têm obtido a aquiescência governamental) quando o setor privado não tem, de há anos a esta parte, beneficiado de quaisquer melhorias…
João Colaço