2011

Março


Moções, emoções e comoções
Não podemos deixar de pensar que, pelo menos aparentemente, esta permanente discussão, ou convulsão, nos está na massa do sangue.


Se o início do mês de Março já se antevê pleno de emoções, que certamente resultarão em comoções, devido à apresentação da moção de censura ao Governo, pelo Bloco de Esquerda, o que dizer então dos meses que se seguirão, com especial destaque para os últimos meses do ano, com especial enfoque na apresentação do Orçamento do Estado para 2012, que muitos pressagiam que será chumbado, o que originará, para além da emoção e da comoção, certamente, uma convulsão, de índole política.

Pode ser imaginação nossa, mas não podemos deixar de pensar que, pelo menos aparentemente, esta permanente discussão, ou convulsão, nos está na massa do sangue, ou seja, consta do nosso património genético.

Se assim não for, como se justifica a permanente instabilidade em que a classe política nos mergulha, o que certamente será visto do exterior como uma dúvida fundamentada de que, se não somos capazes de ultrapassar as nossas divergências internas, como poderemos solver os nossos compromissos para com as entidades externas?

E o que é mais caricato, segundo o nosso pensamento, é que os responsáveis de todos os partidos invocam, cada um deles e na sua óptica, o superior interesse do País como base dos seus discursos e tomadas de posição, independentemente da matéria que abordem, o que nos faz lembrar que, no tempo do partido único, os governantes de então afirmavam que tudo era decidido e feito a “bem da nação”...

Não podemos deixar de comparar a actual algaraviada, quantas vezes sem nexo, com aquele silêncio e paz, que era apelidada como a “paz dos cemitérios”, e concluir que, conforme se encontra profusamente demonstrado, os extremos tocam-se...

Bem sabemos que o mal não é só nosso, e que muitos outros países se lamentam de igual sorte, mas, como soe dizer-se, com o mal dos outros podemos nós bem, e que o que desejamos, a título pessoal pois não temos a veleidade de pensar que representamos outras pessoas que não nós próprios, face a uma situação tão grave e complexa, como aquela em que nos encontramos, é que seja feito um esforço sério e empenhado para que se alcance um consenso de modo a que a crise seja vencida.

Se tal desiderato fosse alcançado, Prezados Leitores, Colegas e Amigos, seria então de apresentar uma moção de confiança ao povo, que seria aprovada com muita emoção, e que nos deixaria em estado de comoção...

João Colaço