2011

Junho


O futuro é já amanhã
Para que esse objectivo seja alcançado há muita coisa que mudar e o tempo é escasso, pois o futuro é já amanhã


Pensamos que seria bastante desejável que a próxima eleição do Parlamento não seja caso para lamento (...), o que sucederá se viermos a verificar que se irá manter o mesmo clima de antagonismo, ataques e insultos, entre as diversas forças políticas, na chamada casa mãe da democracia.

Compreendemos que a Assembleia da República é o local próprio para se discutirem os problemas, e as possíveis soluções, que a vivência diária da população do nosso País vai suscitando, mas já não compreendemos que não exista uma réstia de bom senso que impeça e evite o descalabro total em que temos vindo a mergulhar.

Relembramos que, de acordo com o que se encontra expresso num velho provérbio, “quando se fecha uma porta, abre-se uma janela”. Ora a recente negociação de Portugal com a “troika”, ou seja, com a Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BEC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao fechar (???) a porta da gravíssima crise económica e financeira que nos absorve, abriu a janela da esperança de procedermos, enfim, às reestruturações que há muito se impunham.

Talvez se confirme, assim, o velho axioma que há males que vêm por bem.

É certo que, por enquanto, não ficamos nada bem na fotografia, dado que iremos ser apontados, durante muitos meses, anos talvez, como meninos mal comportados que só cumprimos as regras da sociedade quando, após uns puxões de orelhas, a tal somos obrigados pela força

Pode, porém, suceder que os meninos trapalhões, habituados à boa vida e ao “laissez faire”, ou seja, ao “deixa andar”, compreendendo que o futuro não se compadece com atitudes despreocupadas, nem com ideias preconcebidas, de que o papão não nos atormenta, porque existe sempre quem nos venha salvar dos correspondentes e inenarráveis sustos, decidam que há que trabalhar no duro, poupar o mais possível e eleger como objectivo legar aos seus filhos um País mais rico e próspero do que aquele que lhes foi deixado.

Para que esse objectivo seja alcançado há muita coisa que mudar e o tempo é escasso, pois o futuro é já amanhã. Os dias que se seguirem ao período eleitoral serão um pronuncio do que irá suceder, pelo que a expectativa é grande, mas intimamente desejamos que venha a ser encontrado o maior consenso possível para que consigamos, de uma vez por todas, erradicar do nosso léxico as palavras relativas a crises, sejam elas económicas, financeiras e, ou, políticas.

Sejamos, pois, ao invés do que até agora tem sucedido, optimistas e ostentemos um sorriso de orelha a orelha, para que finalmente possamos ficar bem na fotografia.

João Colaço