2011

Abril


INEVITÁVEL
E o inevitável, por ser mesmo inevitável, sucedeu


E o inevitável, por ser mesmo inevitável, sucedeu. Num dos momentos mais atribulados que vivemos em Portugal, eis que somos confrontados com a demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas. Tal significa que, para o exterior, a imagem do País mostra-se cada vez mais desgastada e a nossa credibilidade, como Nação capaz de cumprir com as obrigações que assumiu perante entidades estrangeiras, diminui a cada dia que passa.

Todo o evoluir da situação, que terminou neste clímax, acarreta consigo um sentimento de frustração e de revolta, pois apesar de se tornar cada vez mais previsível que acabaríamos mergulhados neste lodaçal, nenhum dos principais intervenientes foi capaz de ceder o quer que fosse, pondo sempre acima do interesse nacional os seus próprios interesses.

Pensamos, muito sinceramente, que estes políticos não merecem o povo que o nosso país tem, capaz dos maiores sacrifícios e da maior generosidade, e que esquece com muita (demasiada...) rapidez e facilidade os desmandos de que é vítima!

Este nosso desabafo e lamento não está dirigido contra algum partido em particular, mas sim contra os líderes de todos eles, que, embrenhados em complexas teias de interesses, quantos vezes mesquinhos, utilizam os poderes que lhes foram conferidos pelo voto popular, em autênticas guerrilhas, guerrilhas estas que têm como único objectivo denegrir quem não esteja de acordo com os seus pensamentos e objectivos do momento.

Obviamente que a conjugação das consequências derivadas da aplicação dos sucessivos PEC com a actual instabilidade política ocasiona uma das mais brutais retracções da economia nacional de que temos memória, com a esmagadora maioria das famílias a (sobre)viverem já abaixo do nível de pobreza, com as empresas a encerrarem a actividade devido à escassez da procura, e com a taxa de desemprego a aumentar consecutivamente de mês para mês.

O Governo, não conseguindo reduzir a despesa, procura diminuir o défice através do aumento de impostos. Mas, como é previsível, se cada vez há menos empresas e menos trabalhadores activos, a receita fiscal tenderá a diminuir e não a aumentar, pelo que o Governo tenderá, de novo, a aumentar a carga fiscal, o que acabará por inviabilizar qualquer retoma da actividade económica.

Como referimos, no início, o evoluir desta situação deixa-nos um sentimento de frustração e revolta, por pensarmos que não chegaríamos a este ponto se as principais personagens políticas tivessem tido um mínimo de bom senso e sentido patriótico e, em vez de se digladiarem, tivessem dialogado entre si e encontrado uma plataforma comum, mínima que fosse, com o objectivo de ultrapassar a presente crise.

Porém, Prezados Leitores, Colegas e Amigos, os políticos são como são, pelo que, parafraseando o início deste editorial, o inevitável, sendo inevitável, sucedeu...

João Colaço