2011

Maio


Maturidade e imaturidade
parafraseando o Dr. Vítor Bento que desabafou que já tinha passado por diversos estados, desde o Estado Novo até ao estado a que isto chegou...


Embora todos nós comecemos a sentir, uns com muito mais intensidade do que outros, certamente, o aperto da situação financeira e económica que nos reduz os proventos e aumenta, em simultâneo, as despesas e os encargos que suportamos, tal não invalida que possamos tecer os nossos comentários, pois é dever de todos nós manifestar a nossa opinião de como acabámos por desaguar neste mar tão encapelado, e o entendimento de como será possível o País vencer esta tormenta, tal como já o fez no passado em circunstâncias ainda mais adversas. 

Socorrendo-nos de um pouco de humor (ainda que negro...), e parafraseando o Dr. Vítor Bento, que em recente entrevista à televisão desabafou que já tinha passado por diversos estados, desde o Estado Novo até ao estado a que isto chegou, também todos nós nos encontramos neste estado de coisas, ambicionando, porém, alcançarmos o estado de graça, que é aquele em que visionamos que todos os nossos desejos de cumprirão.

Mas, Prezados Leitores, Colegas e Amigos, e como gostaríamos de estar errados, o período eleitoral, que decorre até ao próximo dia 5 de Junho, não augura nada de bom, tendo em conta as contínuas afirmações dos líderes partidários, que continuam a metralhar-se uns aos outros, com tiradas que mais parecem ser proferidas por meninos birrentos do que por pessoas que deveriam ter o interesse nacional acima dos seus próprios interesses e vaidade. 

Apesar de tudo, no meio da procela, ainda surgem momentos que deveriam servir-nos de exemplo, como foi o caso da comemoração do 25 de Abril, em que os 4 Presidentes da República, democraticamente eleitos, eleições democráticas estas que não seriam possíveis se o 25 de Abril não tivesse existido, falaram a uma só voz, fazendo-nos sentir que, sendo todos eles tão diferentes uns dos outros, e com percursos políticos tão diversos, puseram a tónica no consenso sem o qual não será possível superar a actual crise, pondo de parte as diferenças que no passado os dividiram.

Eles são a prova provada de que com o passar dos anos vamos, a pouco e pouco, distanciando-nos dos radicalismos em que muitas vezes caíamos sem sequer de tal nos apercebermos. Assim, a experiência da vida permite-nos ser mais tolerantes, mais compreensivos, mais maduros, em suma.

Será que é pedir demais, quando referimos que a actual crise somente poderá ser ultrapassada se os principais intervenientes políticos deixarem de se agredir verbalmente e convergirem para uma plataforma comum? No nosso entender somente pessoas imaturas não conseguirão alcançar tal consenso, pelo que devemos, todos nós, exigir deles mais maturidade, o que acarretará maior compreensão e mais solidariedade, concorrendo assim para um clima mais propício à resolução do terrível imbróglio em que o País está mergulhado.

Bem precisamos desse clima mais apaziguado neste mês de Maio, que tanto vai exigir de todos nós, e do qual emerge o preenchimento da declaração modelo 22. Assim, que nos seja permitido, ao menos, levarmos a cabo as tarefas que nos estão incumbidas sem delas sermos distraídos por vozearias insensatas.

João Colaço