Outubro
Mais do mesmo...
Pensamos que todos nós estamos estarrecidos com a “sanha” com que o Governo, principalmente através do Senhor Primeiro Ministro, tem vindo a apresentar novas e mais pesadas medidas de austeridade, fundamentalmente através de aumento de impostos e da diminuição das prestações sociais.
Não podemos deixar de achar, no mínimo, estranho, não só que se mantenha o afã no empobrecimento do nosso País como esse afã ainda seja redobradamente aplicado no próximo futuro, como se prevê das “fugas de informação” relacionadas com a proposta de Orçamento do Estado para 2013.
Pensamos, também, que é já sem relutância que subentendemos que este Governo está refém de políticas idealizadas pelos grandes especuladores financeiros, de que o consultor do Executivo para o dossier das privatizações, António Borges, é testa de ferro, em Portugal, com o intuito mais que evidente de colocar o nosso País de joelhos e agrilhoado a leoninos pactos que durarão décadas a verem solução.
Atentemos, aliás, nas afirmações produzidas no Sábado, dia 29 de Setembro, no decurso da conferência “A crise europeia e as suas saídas – soluções para Portugal”, levada a efeito pelo I Fórum Empresarial do Algarve, organizado pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais), subordinado ao tema “A crise europeia e as suas saídas – soluções para Portugal”, em que António Borges criticou os empresários portugueses do seguinte modo:
“Que a medida (da TSU) é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas”.
Face a esta afirmação cremos que basta socorrermo-nos da expressão popular “Presunção e água benta, cada qual toma a que quer”…, o que não invalida, porém, que o pensamento deste senhor (com minúscula) influencia de modo determinante as opções governativas do Primeiro-Ministro Passos Coelho
Retomando a análise crítica que estávamos a desenvolver relativamente à política económica que o Governo tem vindo a prosseguir, salientamos, agora, que as estimativas do Governo enviadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para Bruxelas fazem uma previsão de um défice na Segurança Social, caso inédito há, pelo menos, 11 anos.
Segundo estes dados, a Segurança Social poderá registar um défice de 6941,1 milhões de euros, em 2012, e assim contribuir para um agravamento do défice, pela primeira vez em 11 anos.
Este valor difere dos valores estimados pelo Governo numa primeira antevisão, em Março, na qual previam um saldo positivo de 98,5 milhões de euros, e resultam, como pensamos ser óbvio, do aumento do desemprego, com a consequente diminuição de receita para a Segurança Social e correspondente avolumar do número de desempregados com direito ao respectivo fundo.
Face a esta situação, calamitosa, no nosso entender, quais são as medidas que o Governo vai tomar? Novos aumentos da carga tributária, a que corresponderá mais recessão e consequente aumento do desemprego, o que ocasionará, por sua vez, menos cobrança de impostos, ou seja mais do mesmo…
João Colaço