2010

Dezembro


“Amanhãs que nos desencantam”
A melhor prenda seria ter uma nova classe política, que colocasse a boa governação acima dos seus interesses pessoais e partidários...


Dezembro é um mês pleno de simbologia, nele sobressaindo a época natalícia, durante a qual se celebra, com especial ênfase, a família, de que o presépio é, ainda hoje, a maior referência.

No que toca à nossa profissão, Dezembro também possui a sua simbologia própria, dado que é ao final deste mês, e, simultaneamente, final do ano, que se reporta a apresentação do balanço das empresas, o que pressupõe que também é neste momento que se efectua o inventário físico dos bens que se encontram em stock.

É também usual que nós, como pessoas, façamos, à semelhança das empresas, o “balanço” de como decorreu a nossa vida no ano que está a terminar, e, como sempre, tecemos as nossas expectativas para o novo ano que se avizinha.

E é aqui, Prezados Leitores, Colegas e Amigos, que, utilizando uma velha expressão popular, a porca torce o rabo...

Embora reconheçamos que não podemos deixarmo-nos vencer pelo desânimo e pelo pessimismo, pelo que devemos tentar reagir e fazer das fraquezas forças, o rumo dos acontecimentos e a guerrilha permanente em que a classe política está apostada, não nos dão o menor estímulo para termos essa reacção.

Assim, o nível das expectativas do novo ano que se aproxima é cada vez mais baixo do que aquele que tínhamos no ano anterior, e já o mesmo sucedeu nos outros anos, o que, obviamente, se traduz numa descrença acerca da hipótese de sobrevirem melhores dias no futuro.

Tudo isto leva, Colegas, a que, utilizando uma expressão muito em uso em determinado período, no lugar dos “amanhãs que cantam”, surjam os “amanhãs que nos desencantam”. 

Iniciámos este editorial referindo que sobressai, neste mês, a festa natalícia, o que também nos faz reviver a nossa meninice, em que pedíamos prendas ao Pai Natal. Se ainda acreditássemos no Pai Natal, certamente que lhe pediríamos uma prenda. E a melhor prenda, pensamos nós, seria ter uma nova classe política, que colocasse a boa governação acima dos seus interesses pessoais e partidários, os quais visam, principalmente, garantir a manutenção de privilégios e regalias que nunca conseguiriam alcançar se não fosse através dos partidos a que se enfeudam.

Colegas, é, apesar de tudo, e tendo por base um misto de esperança e de crença que conseguiremos ultrapassar o futuro próximo com os menores danos possíveis, que vos desejamos, do fundo do nosso coração, umas felizes festas natalícias e um final de ano também feliz, pois devemos aproveitar ainda o facto de a nossa alegria interior não pagar imposto...

João Colaço