2010

Novembro


Os meninos à volta da fogueira...
Resta-nos desejar que estes “meninos” cresçam, pode ser que ainda venham, de facto, a ser homens...


Estamos a escrever o presente editorial no final do mês de Outubro, ainda sob o efeito da notícia que o Governo e o maior partido da oposição, o PSD, romperam as negociações com vista à aprovação da proposta de lei do Orçamento de Estado para 2011.

A consequência imediata de tal rompimento foi a queda a pique da bolsa nacional e o maior aumento da taxa de juros, dos empréstimos

Olhando para a televisão, lendo os jornais ou ouvindo a rádio, a sensação que nos fica das diatribes que são lançadas pelas figuras mais destacadas dos maiores partidos da política portuguesa é que estes são, parafraseando os versos de Martinho da Vila, como meninos à volta da fogueira.

Na realidade, o orçamento de estado para 2011 transformou-se numa imensa fogueira que pode deixar o nosso País bastante chamuscado, caso não surjam bombeiros com cabeça fria...

Voltando aos versos de Martinho da Vila, neles é dito que os meninos vão aprender coisas de sonho e de verdade.

Também no caso do orçamento, os “meninos” tentam, segundo dizem, saber o que nele existe de sonho e de verdade, mas o pior é que o que é verdade para uns é sonho para os outros, não abrindo, qualquer deles, mão das suas verdades.

Nesta situação, como os Prezados Leitores, Colegas e Amigos, sabem, pelo menos aqueles que ainda se recordam da sua infância, os meninos amuam, fazem birra e dizem uns para os outros – tu é que és mentiroso (ou outra coisa qualquer)... – e vão a correr para os braços dos familiares, neste caso para as comissões políticas dos respectivos partidos. 

E o País? O País, ou seja todos nós, assistimos de olhos esbugalhados e num estado de pura incredulidade a esta, como lhe chamar, comédia, drama, paródia, novela, ou telenovela, já que os participantes adoram ser entrevistados, noticiados e comentados pelas televisões, não tendo o menor pejo em negar toda e qualquer responsabilidade no tremendo imbróglio em que se transformou a situação económica e financeira que atravessamos.

Terminamos referindo que sempre ouvimos dizer que os meninos serão os homens de amanhã. Então resta-nos desejar que estes “meninos” cresçam, pode ser que ainda venham, de facto, a ser homens...

João Colaço