Maio
É PRECISO ACREDITAR
Ao “entrarmos” neste mês de Maio de 2009 sentimos uma muito maior angústia e apreensão relativamente...
Ao “entrarmos” neste mês de Maio de 2009 sentimos uma muito maior angústia e apreensão relativamente aos meses anteriores, pois este é um mês em que para além dos pagamentos à Segurança Social e ao IVA (qualquer que seja o regime que os abranja, trimestral ou mensal), os contribuintes, que sejam sujeitos passivos de IRC terão, também, se for o caso, obviamente, de proceder à autoliquidação e pagamento do respectivo Imposto.
Quando afirmamos a nossa apreensão e angústia é porque lidamos diariamente com o meio empresarial e conhecemos as dificuldades económicas e financeiras em que se encontram mergulhados, lutando, ou talvez a expressão mais correcta será “estrebuchando”, por uma sobrevivência que cada vez é mais difícil conseguir.
Quer queiramos quer não, a gravidade da crise acentua-se a cada dia que passa, redundando numa espécie de circulo vicioso. As pessoas, neste momento, debatem-se com extremas dificuldades, é certo que em muitas situações por, no passado, se terem deixado embalar no canto da sereia da publicitação da facilidade de aquisição de bens, o que as incentivou a consumir para além das suas possibilidades, pelo que actualmente se encontram sobreendividadas e sem possibilidade de recorrer ao crédito, o que as inibe de efectuar compras para além do mínimo indispensável.
O decréscimo da procura é, pois, enorme, o que obriga as fábricas a reduzirem a produção, e, em muitos casos, a terem mesmo que encerrar as suas portas, lançando milhares e milhares de pessoas no desemprego.
Este caudal de pessoas que engrossa, dia a dia, o número de desempregados, passa a dispor (e isto no caso de terem direito ao subsídio de desemprego) de rendimentos inferiores àqueles que auferiam anteriormente, pelo que o Estado “vê” a sua receita fiscal, em sede de IRS e IRC, diminuir e o pagamento de prestações sociais a aumentar.
Como o decréscimo das vendas se tem vindo a acentuar, também no que se refere ao consumo o Estado vê diminuir as suas receitas, em sede do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado.
Segundo a informação constante do Portal das Finanças, cuja fonte é a DGO – “Síntese da Execução Orçamental do Subsector Estado, Março de 2009”, no primeiro trimestre de 2009 a receita fiscal registou um decréscimo de 12,3% relativamente a igual período do ano anterior.
Repare-se que, segundo a informação que estamos a citar, de entre os factores explicativos para esta evolução negativa, há a destacar o forte abrandamento da actividade económica.
O que dissemos atrás é, como todos sabemos, do conhecimento público e tem sido glosado de inúmeras formas, pela generalidade dos meios de comunicação social, os quais, aparentemente, à míngua de outras notícias, usam e abusam deste filão, dando assim razão a quem pensa que o que “vende” é a desgraça, sem que seja tido em conta o facto de que a contínua menção à crise em que nos encontramos mergulhados, acaba por ter o efeito perverso de influenciar negativamente a expectativa das pessoas, agudizando, deste modo, uma situação que, por si só, já é bastante grave.
Não somos, nem pretendemos ser, arautos da desgraça, até pelo contrário, como os Prezados Leitores, Colegas e Amigos, podem confirmar pela leitura dos editoriais anteriores, mas não podemos deixar de manifestar alguma perplexidade por, a menos que não nos tenhamos apercebido, não vermos ser postas em prática as medidas de “reanimação da actividade económica” propagandeadas desde alguns meses a esta parte, o que, quando tal acontecer, certamente virá dinamizar a economia do País e travar a quebra de confiança a que progressivamente temos vindo a assistir, pois para ultrapassar a crise é preciso acreditar!
João Colaço