Janeiro
O temor e a esperança
"... somente será possível ultrapassar a crise se formos confiantes, fraternos e solidários."
Certamente que os Prezados Leitores, Colegas e Amigos, ainda se recordarão que, em anos não muito distantes, fosse quem fosse que escrevesse, acerca das expectativas que a entrada num novo ano sempre acarretava, escrevia de modo a salientar que essas expectativas eram, em geral, eivadas de bastante optimismo, pelo que era com satisfação que dizíamos adeus ao ano “velho”, que chegava ao fim, e celebrávamos com alegria e entusiasmo o novo ano que se iniciava.
Pensamos que nos dias que correm, ao dizermos adeus a 2008 e ao iniciarmos o ano de 2009, essas expectativas não são, de modo algum, tão optimistas como o eram no passado, embora, no nosso subconsciente, ainda mantenhamos a secreta esperança de que as crises, não sendo eternas, são sempre ultrapassáveis, e que a recuperação da economia, com todas as consequências dela derivadas, nomeadamente, criação de emprego, aumento das exportações, menos contestação social, maior índice da auto estima e aumento da qualidade vida, será mais rápida do que é vaticinado por alguns especialistas.
Permitam-me, os Prezados Leitores, um pequenos parêntesis, para expressarmos algumas dúvidas acerca do que é entendido, ou seja, como são tratados pelos órgãos de comunicação social, as opiniões expressas pelos mais diversos especialistas. Essas opiniões variam entre o mais profundo pessimismo e o optimismo, ainda que prudente, relativamente ao desempenho das nossas empresas e ao consequente desenvolvimento económico do País.
Mas os órgãos de comunicação social normalmente salientam as previsões catastróficas, e dela fazem manchetes com grande impacto visual, nas primeiras páginas do jornais e revistas, ou delas fazendo notícia principal nas aberturas dos noticiários, seja na rádio seja na televisão.
Parece, pois, que o que “vende”, na comunicação social, é a tragédia, a desgraça, o horror, conforme os Prezados Leitores têm tido oportunidade de verificar.
Embora correndo o risco de nos tornarmos repetitivos, dado que temos vindo a defender esta posição, não devemos, nem podemos, permitir ser submersos pelo pessimismo e pelo derrotismo. Não devemos, tão pouco, “embarcar” num optimismo irrealista. Devemos, isso sim, procurar o equilíbrio certo entre o temor e a esperança, tendo porém em mente que esta á a última coisa a morrer, e procurar tirar ilações do que tem corrido mal para nos precavermos para que no futuro tal não seja mais possível.
É com este espírito, Prezados Leitores, que manifestamos a expectativa que a esperança supere o temor, pois somente será possível ultrapassar a crise se formos confiantes, fraternos e solidários.
Que no decorrer deste ano de 2009, que agora se inicia, consigamos, pois, ver a luz ao fundo do túnel, são os nossos mais sinceros desejos, para bem de todos nós e do País.
João Colaço