2009

Fevereiro


As raízes do passado são a ponte para o futuro
...é chegado o momento de, à semelhança do que fizeram os nossos antepassados mareantes, nos unirmos todos para levar a nau a bom porto...


Os Prezados Leitores, Colegas e Amigos, que têm a bondade de passar os seus olhos por estes nossos editoriais, certamente que por vezes, para não dizermos sempre ou quase sempre, questionar-se-ão acerca do nosso grau de sanidade visto que temos vindo a afirmar, e continuamos a manter essa postura, um elevado grau de confiança em como seremos capazes de ultrapassar os obstáculos que têm surgido no caminho do desenvolvimento económico e social do nosso País.

É certo que tanto o final do ano de 2008 como o início deste ano de 2009 foram, por demais, catastróficos, mas o nosso País, como os Prezados Leitores sabem, já ultrapassou situações bem mais graves e, apesar de todos os epítetos com que queiram apelidar-nos e das comparações com outras nações bem maiores do que a nossa, somos um dos Estados mais antigos do mundo e cujas fronteiras se têm mantido praticamente incólumes no decorrer de dez séculos.

Continuamos, pois, crentes que se todos nós tivéssemos um pouco mais de auto estima, se interiorizássemos quanto o mundo moderno deve a este nosso pequeno País por termos dado novos mundos ao mundo, se nos orgulhássemos mais das nossas raízes, tão ricamente imbuídas de cultura e tradição seculares, e que acabaram por fazer de nós um dos povos mais tolerantes entre todos os que compõem a comunidade internacional, teríamos então uma capacidade mais acrescida de fazer frente aos desafios que nos são colocados e mais rapidamente venceríamos toda e qualquer crise que sobre nós desabasse. 

E notem os Prezados Leitores que esta capacidade deve ainda ser mais valorizada se atendermos ao facto de, durante largos períodos da nossa história, o nosso povo ter estado sujeito a ditaduras extremamente repressivas que impediram, entre nós, a difusão de ideais que progressivamente se iam espalhando pela Europa, Ásia e Américas.

Referimos, atrás, que as nossas raízes, seculares, como Povo, são riquíssimas, pois estas raízes, Prezados Leitores, Colegas e Amigos, são a nossa melhor ponte para o futuro. E o futuro, como todos nós sabemos tão bem, começa sempre no momento seguinte ao momento que vivemos no presente.

Se em toda e qualquer actividade o que acabamos de afirmar é inquestionável, na nossa actividade profissional ainda o é mais, perdoe-se-nos a redundância, e com a especial acuidade de trabalharmos no momento presente com os documentos que relatam o passado com vista ao apuramento futuro.

É com base na experiência que vamos recolhendo, no exercício da nossa profissão, que extraímos a crença de que as crises são ultrapassáveis assim saibamos ter a calma e o discernimento para lhes fazer face. Mais difícil é, sem dúvida, esclarecer e mobilizar os agentes económicos para que estes actuem com espírito de cidadania e que ponham o interesse colectivo acima do interesse egoísta que se corporiza na máxima “primeiro eu, depois eu, e só depois os outros”.

Cremos que é chegado o momento de, à semelhança do que fizeram os nossos antepassados mareantes, que se aventuraram por mares ignotos, nos unirmos todos para levar a nau a bom porto, pois se assim procedermos os vindouros ficarão gratos por termos sabido honrar as nossas raízes e lhes proporcionar a ponte para o futuro.

João Colaço