2009

Julho


A unidade necessária
É com profunda preocupação que encaramos os próximos meses...


É com profunda preocupação que encaramos os próximos meses, preocupação esta que se encontra em sintonia, aliás, com o sentimento da grande maioria dos nossos concidadãos, que espelha um pessimismo muito acentuado dado não existir, que nos apercebamos, estratégia alguma para tirar o País das diversas crises em que se encontra mergulhado.

Se é certo que a crise económica é a que mais prende as atenções, também não é menos certo que outras crises, como a da justiça, que aparentemente só tem duas velocidades, devagar e parada, a da política, com os partidos, neste longo período eleitoral, europeias, autárquicas e legislativas, a cruzarem ataques do mais baixo estilo que se pode conceber, que em nada contribuem para melhorar o nosso nível de vida, antes pelo contrário, servem para o estigmatizar, da educação, com acusações mútuas entre os intervenientes, com especial incidência entre os responsáveis pelo ministério da educação e alguns sindicatos de professores, etc., etc..

E, como que para cumulo, isto é, metaforicamente, como se fosse a cereja em cima do bolo, assistimos, ultimamente, ao lançamento público de dois manifestos, o primeiro, subscrito por 28 economistas, em que se apela à suspensão e reavaliação dos grandes investimentos públicos, o segundo, subscrito por 51 personalidades, historiadores, psicólogos, economistas, professores universitários, geógrafos e engenheiros, que contesta, com veemência, a ideia expressa naquele primeiro manifesto e defende que o combate ao desemprego passa, necessariamente, pelo investimento público.

Cremos que esta é a prova provada, como soe dizer-se, de que em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Ora, quer o queiramos quer não, tudo acaba por se reflectir na nossa profissão, pois, ao recolhermos os elementos com que iremos trabalhar, esses mesmos elementos reflectem o pulsar da economia, proporcionando-nos, assim, um conhecimento aprofundado da situação real das empresas, e, como é óbvio, do descalabro das receitas das empresas o que origina, por sua vez, o descalabro das receitas fiscais de que o País tanto está carecido.

É atendendo a esta situação que muitos comentadores, das mais diversas áreas políticas e, ou, profissionais, têm vindo a público defender a necessidade de um “pacto de regime”, ou seja, a obtenção de um consenso o mais alargado possível que, ultrapassando naturais divergências de posicionamento ideológico, permita a superação dos mais diversos condicionalismos que têm obstado à retoma do desenvolvimento deste nosso País.

Pensamos que os Prezados Leitores, Colegas e Amigos, subscreverão o nosso entendimento de que a crise global, composta por tantas e tão variadas crises, que têm vindo a atrofiar o nosso desenvolvimento, somente será ultrapassada se todos nós dermos as mãos e lutarmos todos juntos como se fossemos uma só pessoa, tal como o nosso Povo já o fez em épocas distantes, com igual brio e tenacidade, o que possibilitou que a história registe façanhas que, iluminando o passado, permitem no presente almejar um mais promissor futuro.

Assim saibamos todos nós merecê-lo!

João Colaço