2009

Dezembro


Ânimo, coragem e perseverança
Talvez estejamos a atravessar um dos períodos mais negativos de que nos lembremos, com a desunião e o egoísmo a alastrarem


O mês de Dezembro, agora a decorrer, entrou, como que de modo sub-reptício, nas nossas vidas, pois os inúmeros afazeres a que temos que dedicar toda a atenção possível e imaginária muitas das vezes nem nos permitem atentar ao tempo que vai passando e que nos vai sugando quaisquer possíveis momentos de lazer que desejemos dedicar aos entes que nos são queridos.

Estamos, assim, Colegas, prestes a encerrar mais um período da nossa existência e a iniciar um novo. Mas se há bastantes anos atrás era com alegria e esperança que víamos esta transição de um ano “velho” para um “novo” ano, mais promissor, mais próspero, e com novas oportunidades para alcançar para nós e para os nossos uma vida melhor, nos dias de hoje é com apreensão que vemos essa passagem de ano a aproximar-se a cada dia que passa.

Certamente existem pessoas que não partilham desta nossa apreensão, e que dirão, mesmo, que este nosso pessimismo não é saudável. Obviamente que quem nos conhece sabe que aceitamos esta crítica pois temos desde sempre afirmado que não podemos enveredar pelo derrotismo mas sim pelo optimismo, pois o Homem contém em si faculdades quase infinitas de superar os maiores desafios que possamos imaginar.

Mas se há algo que a vida nos tem ensinado nestas dezenas de anos que por cá temos andado, é que para se suplantarem as grandes crises e os problemas que afectam toda uma nação, tem que existir um querer unânime e uma vontade indómita de que todos estejamos imbuídos.

Porém, o que se verifica, na prática, é que talvez estejamos a atravessar um dos períodos mais negativos de que nos lembremos, com a desunião e o egoísmo a alastrarem, com um clima de guerrilha política que só nos leva ao descalabro, com o desemprego a ultrapassar os 10%, com leis a serem promulgadas sem que tenha existido uma análise ponderada e criteriosa sobre o seu conteúdo, pelo que são muito dificilmente compreensíveis, com o défice a aumentar diariamente de um modo assustador, o que acaba por pôr em causa não só o nosso futuro como o dos nossos filhos e netos.

Face a tudo isto, e ao muito que fica por dizer, perguntamos se deveremos estar, ou não, apreensivos, pois entendemos que se todos os cidadãos deste nosso País estiverem conscientes da dura realidade em que estamos mergulhados, e se todos, mas todos, dermos as mãos e lutarmos contra as injustiças (e exigirmos que a justiça actue), contra o despesismo, contra o compadrio, contra a promiscuidade que aparentemente existe entre políticos e o meio empresarial, a alto nível, se essa união de vontades for possível, Colegas, estamos crentes que a recuperação será um dado adquirido.

Como os Colegas certamente se aperceberam, está nas entrelinhas que esta luta é de todos os portugueses, e que nós fazemos parte dela. Assim nós o queiramos e consigamos.

Colegas, desejamo-vos, do fundo do coração, ânimo, coragem e muita perseverança para que consigamos levar esta enorme nau que é a nossa profissão a bom porto, ou seja, que consigamos cumprir com todas as responsabilidades que nos estão cometidas, sem falhas ou omissões, como é, aliás, o nosso timbre.

João Colaço