2007

Novembro


O TEMPO CORRE VELOZ E NÃO VOLTA
...podemos afirmar, que mais nenhuma outra profissão tem sido sujeita, no nosso País, a tão profundas alterações...


O facto de nos vermos continuamente confrontados com catadupas de nova legislação que se não é lida, e estudada, no momento em que vê a luz do dia, acaba por nos “passar ao lado”, o que nos poderá acarretar tremendos dissabores e consequências negativas para as entidades a quem prestamos os nossos serviços, origina que o tempo pareça decorrer cada vez mais velozmente.

Cremos bem que este “mal” sucede com todos nós, assim como a reacção que sentimos quando nos apercebemos que houve uma qualquer alteração que, fruto do exercício absorvente da nossa actividade, acabou por nos passar despercebida, pelo que somos assolados pela vontade de nos autoflagelar como punição desse lapso involuntário.

De certo compreenderão que neste desabafo, acima descrito, está implícito um reconhecimento de que a nossa profissão é uma profissão em que o masoquismo está sempre presente, pois não conseguimos sacudir do nosso pensamento o sentido de culpa, se algo corre menos bem no desempenho da nossa função. 

Quer queiramos quer não, somos um pouco o espelho, ou reflexo, do que se passa com a restante população do nosso País. O nosso nível de auto-estima anda sempre pelas ruas da amargura dado que nos nivelamos “por baixo” quando deveríamos erguer a cabeça e assumirmos que somos tão bons ou, ainda, melhores do que os profissionais de outro qualquer país.

Poderão os Colegas retorquir que embora esta afirmação seja verdadeira raramente nos é concedido esse reconhecimento, seja pelos clientes, seja pela administração tributária, seja, enfim, pela população em geral.

Não devemos, porém, no nosso entender, deixarmo-nos enlear no desânimo e, antes pelo contrário, fazendo das fraquezas forças e, remando contra a maré, saibamos encontrar os meios de afirmar a nossa capacidade, a qual tem sido sucessivamente demonstrada, para vencer todos os desafios a que temos feito face, nomeadamente nas últimas décadas.

Sobretudo, Colegas, podemos afirmar, com profunda convicção, que mais nenhuma outra profissão tem sido sujeita, no nosso País, a tão profundas alterações. E ainda com outra agravante. É que todas as alterações são, salvo raríssimas excepções, para entrarem de imediato em vigor quando, como todos nós sabemos, muitas vezes nem o próprio legislador tem consciência das profundas implicações decorrentes das alterações que são introduzidas nos diversos Códigos que regulamentam os tributos fiscais e parafiscais das entidades a eles sujeitas.

Significa todo este arrazoado, Colegas, que é frequente vir-nos à memória uma canção dos anos sessenta, “Ó tempo, volta para trás...”, mas ele não volta, por muito que o desejemos...

Bom trabalho Colegas, e com muito orgulho por o levarmos a efeito com o empenho e o profissionalismo que é apanágio da classe!

João Colaço