Maio
SIMPLIFICAÇÃO - MAIO - CORAÇÃO
Esta desmaterialização, porém, traduz-se, para nós, profissionais, em trabalho acrescido...
Os nossos Prezados Leitores e Amigos que nos perdoem o facto de o título deste editorial parecer, pelo menos à primeira vista, não possuir o mínimo de coerência, mas, confessamos, a escolha do mesmo foi propositada para chamar a Vossa atenção, e por acreditarmos ser capazes de demonstrar que existe um elo de ligação entre estes vocábulos o que permitirá, segundo cremos, que se possam extrair algumas ilações.
Embora julguemos que é certamente por coincidência que o mês de Maio é considerado, principalmente pelos profissionais da saúde, como o mês do coração, não podemos deixar de sentir que este é também o mês em que todos nós mais sofremos a pressão do tempo para que possamos dar cumprimento às obrigações que a legislação fiscal nos impõe.
Aliás pensamos que seria extremamente interessante que fosse levado a efeito um levantamento, pelos serviços de saúde, a nível nacional, dos problemas cardíacos sofridos pelos profissionais, e referimo-nos em concreto aos Técnicos Oficiais de Contas, registados mês a mês, pois estamos crentes que a análise desses elementos estatísticos demonstraria uma incidência muito maior desses problemas no decorrer do mês de Maio.
Esta nossa “quase” certeza baseia-se não só nos desabafos e confidências de inúmeros Colegas, que nos dão o privilégio de nos considerarem seus iguais e têm connosco uma relação plena de estima e amizade, como nas informações que nos chegam de muitos e muitos Colegas sofrerem, durante este período tão atribulado, problemas cardíacos bastante graves.
Embora reconheçamos que esta é uma situação extremamente séria, não nos podemos coibir de tecer um comentário que, parecendo ser irónico, acaba por vincar, um pouco mais, como é atribulada esta nossa profissão.
Referimo-nos ao “Santo Simplex”, o qual, segundo é mencionado em todos os textos legislativos que lhe fazem referência, visa a desburocratização e desmaterialização de inúmeros actos, o que se traduzirá em vantagens mútuas, quer para os contribuintes quer para a Administração Pública. Esta desmaterialização, porém, traduz-se, para nós, profissionais, em trabalho acrescido pois alguns dos actos que eram da responsabilidade dos órgãos de gestão das empresas passam agora a serem efectuados pelos Técnicos Oficiais de Contas, veja-se, nomeadamente, o depósito dos documentos de prestação de contas, agora consubstanciado na Informação Empresarial Simplificada (???...), vulgo IES.
Não desejando massacrar-vos com mais palavreado, que certamente a alguns dos Leitores poderá parecer como inconsequente, vamos finalizar com uma referência ao que dissemos inicialmente, relativamente ao título em epígrafe, o qual, se conseguimos o nosso objectivo, deve ter levado os Prezados Leitores e Amigos a concluir que vivemos a nossa profissão no fio da navalha, cada vez com maiores riscos e sobressaltos, mas, infelizmente, ainda que o não queiramos, já a tal estamos habituados.
João Colaço